A ideia, segundo ele, nasceu de um “chamado divino” e tem por objetivo fomentar a paz entre os adeptos das religiões abraâmicas. Com sede já estabelecida nos Emirados Árabes Unidos (o Abrahamic Faith Center, em Abu Dhabi), o projeto visa respeitar as tradições das três religiões, mas propõe uma nova base comum de fé.
A iniciativa reacende discussões profundas e, por vezes, delicadas. Afinal, até que ponto é possível construir pontes entre sistemas de crenças tão distintos sem comprometer a essência de cada um? E como o cristão evangélico deve discernir esses movimentos à luz das Escrituras?
Ecumenismo ou sincretismo?
Antes de julgar a proposta pela aparência, é preciso nomear corretamente o que está em jogo. Para o teólogo Magno Paganelli, o ponto central do debate não está no diálogo inter-religioso em si, mas na confusão entre os conceitos de ecumenismo e de sincretismo.
Segundo ele, ecumenismo, do grego oikoumene, se refere à convivência e cooperação na “casa” de Deus, ou seja, o planeta. “Há vários textos, principalmente no Novo Testamento, que recomendam atitudes ecumênicas”, explica. Jesus, por exemplo, orienta a saudar com paz todas as casas (Lucas 10:5–6), e Hebreus 12:14 exorta: “Segui a paz com todos”.
Já o sincretismo, alerta Paganelli, “é juntar fés diferentes e fazer um culto só”, o que contraria diretamente o ensino bíblico. “Só há um Deus, só há um caminho — no caso aí, a exclusividade de Cristo”, destaca.
Mas para ele uma coisa é imutável e inegociável. “A exclusividade de Cristo é um marco do evangélico que não pode e não será removido jamais. Ponto”, afirma.
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