Animal é símbolo de um bem-sucedido programa de reintrodução iniciado em 2020; especialistas sugerem mais sinalização e infraestrutura em estradas para reduzir atropelamentos
Barreiras (BA), julho de 2025 – A história da loba-guará Caliandra emocionou o Brasil desde seu resgate em 2020, ainda filhote, até sua reintrodução na natureza pelo Parque Vida Cerrado, em 2022. Símbolo da resistência do Cerrado e de um modelo bem-sucedido de conservação, Caliandra viveu em liberdade por três anos, teve três ninhadas e contribuiu com dados valiosos, colhidos por meio de seu colar de monitoramento. Neste fim de semana (19 e 20/07), no entanto, sua jornada foi interrompida de forma trágica: Caliandra foi encontrada morta, provavelmente vítima de atropelamento em uma estrada vicinal.
O caso gerou comoção entre ambientalistas, pesquisadores e instituições parceiras, como o Instituto Lina Galvani, CENAP/ICMBio, INEMA, Galvani, Amigo do Lobo e produtores rurais da região. “Essa despedida dói, mas o legado de Caliandra permanece como exemplo de superação, convivência e compromisso com a vida silvestre”, Gabrielle Rosa, coordenadora do Parque Vida Cerrado.
A loba havia passado recentemente por uma campanha de recaptura entre maio e julho, na qual foi realizado um check-up que atestou sua excelente condição de saúde. Ela estava lactante, indicando sua terceira reprodução em ambiente natural. O novo colar de monitoramento, instalado nesse processo, foi essencial para localizar seu corpo após o acidente. A equipe do Parque já foi a campo para tentar localizar os filhotes de lobo-guará desta nova ninhada, mas ainda sem sucesso. É possível que o macho tenha tentado movimentar os filhotes após a perda da fêmea.
Chamado à prevenção
A morte de Caliandra traz à tona um problema urgente: os atropelamentos de animais silvestres em estradas rurais e vicinais. Estima-se que cerca de 475 milhões morram atropelados anualmente nas estradas brasileiras, segundo dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE/UFLA), o que significa um animal a cada 15 segundos. No Brasil, a questão é agravada pela falta de estrutura viária e pelo fato de elas não serem planejadas para proteger a fauna que circula livremente ao redor dessas estradas, principalmente em vias já mais próximas de regiões urbanas.
Diante disso, o Parque Vida Cerrado e seus parceiros reforçam orientações para reduzir acidentes com fauna silvestre:
Reduzir a velocidade em áreas com vegetação nativa;
Evitar dirigir à noite em regiões com travessia de fauna;
Não descartar lixo nas margens das estradas;
Instalar sinalização e redutores de velocidade em propriedades rurais;
Investir em passagens de fauna e cercas direcionadoras;
Apoiar programas de educação ambiental com trabalhadores e comunidades.
“Caliandra nos mostrou que é possível devolver a vida à natureza. Agora, cabe a nós garantir que outras histórias como a dela não terminem da mesma forma. Sua perda precisa se transformar em compromisso”, afirma Gabrielle.
O trabalho de conservação da espécie continua, com novos esforços de monitoramento e educação ambiental na região do Matopiba. A memória de Caliandra seguirá viva, não apenas nos estudos científicos ou em seus filhotes, mas em cada passo dado na construção de um Cerrado mais seguro para humanos e animais.
O Projeto de Reabilitação de Lobos-guará
O projeto de reabilitação e soltura é viabilizado com apoio técnico do ICMBio e financiamento de empresas privadas, como Sementes Oilema, Fazenda Irmão Gatto Agro, Condomínio Santa Carmem e Galvani. Essas parcerias combinam recursos financeiros, conhecimentos técnicos e acesso a propriedades rurais para soltura dos animais.
Sobre o Parque Vida Cerrado
É o primeiro centro de conservação e educação socioambiental do Oeste da Bahia, foi fundado pela Galvani Fertilizantes e é mantido, atualmente, pelo Instituto Lina Galvani e por parceiros apoiadores. Está localizado no município de Barreiras, no Oeste da Bahia, próximo ao município de Luís Eduardo Magalhães e na divisa com o estado do Tocantins. Desde 2006, tornou-se referência na conservação da fauna e na restauração de áreas degradadas, impactando centenas de milhares de pessoas por meio de suas atividades de educação ambiental.
Sobre o Instituto Lina Galvani
O Instituto Lina Galvani é uma organização da Sociedade Civil (OSC) dedicada a apoiar e desenvolver iniciativas que favoreçam o desenvolvimento comunitário e a inclusão produtiva nos locais onde sua mantenedora, Galvani, tem unidades — Angico dos Dias (BA), Luís Eduardo Magalhães (BA), e Irecê (BA).
Com mais de 20 anos de atuação, é desde 2006 mantenedora do Parque Vida Cerrado, o primeiro centro de conservação da biodiversidade, pesquisa e educação socioambiental do Cerrado do MATOPIBA.
Sobre a Galvani
A Galvani é uma empresa 100 % brasileira especializada na produção, beneficiamento e distribuição de fertilizantes. Com presença consolidada no setor há mais de 50 anos, opera em mineração, beneficiamento, industrialização e distribuição de fertilizantes fosfatados, sendo líder no Matopiba. A companhia mantém um complexo industrial em Luís Eduardo Magalhães e uma unidade de mineração em Campo Alegre de Lourdes, além de expandir suas operações com novos projetos na Bahia e no Ceará.
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